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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Trazer médicos de fora resolve?


Em meio a tantas medidas de uma suposta tentativa de moralização do governo perante a população, muitos projetos acabam sendo desengavetados. Mesmo assim, por pressa de dar uma resposta imediata, acaba-se deixando de analisar os projetos de uma forma eficiente e passa-se a apresentar projetos questionáveis, sem um bom planejamento. Um desses casos é a contratação de médicos anunciada pela presidente Dilma na última semana. Para quem tem um índice de rejeição na saúde beirando os 80% até que foi uma resposta positiva, mas no geral foi muito mal formulada e mal feita. Trata-se de proposta que visa levar médicos para as pequenas cidades carentes desses profissionais.
Muitos são os problemas encontrados. A começar pelos salários que serão pagos aos médicos que aderirem a esse programa, apenas 10 mil reais, bem aquém do valor médio pago à um médico na iniciativa privada. Além disso, faz-se a benesse de obrigar a prefeitura da cidade onde ele irá trabalhar de lhe pagar aluguel e alimentação. Ora, poucas cidades pequenas tem estrutura decente para motivar um médico de sair de uma cidade grande para se aventurar no interior, com a precariedade das condições de cultura, lazer, educação para os filhos, e várias outras coisas facilmente alcançáveis numa cidade maior. Fora isso, o médico não tem opção de sair da cidade quando desejar, será obrigado a cumprir o que o contrato estabelece.
As propostas foram além da contratação de médicos, anunciou-se a criação de novos cursos de medicina pelo Brasil, o que ajudaria na preparação de mais profissionais para essa grande demanda. Várias cidades serão contempladas, com certeza será um avanço, mas espera-se que seja dada estrutura para que esses profissionais se formem bem. Me preocupa ver que a maioria das faculdades que ofertam curso de medicina não possuem professores suficientes, é o caso da UEPG, onde os acadêmicos estão sem aulas por falta de professores. De nada adianta criar mais cursos, sem professores, sem hospitais onde possam treinar o que estão aprendendo, sem materiais adequados para fazer consultas e exames.
Anunciou-se também que o curso de medicina em todo o Brasil terá novas regras a partir de 2015, sendo a principal mudança a inclusão da prestação remunerada obrigatória para o SUS durante 2 anos. Semelhante ao alistamento militar obrigatório, o médico também deverá trabalhar durante 2 anos para o SUS para que possa receber seu diploma. Esses 2 anos somados aos 6 anos atuais totalizam 8 anos para se formar médico. Ou seja, para que o médico possa trabalhar na iniciativa privada ele terá que estudar 8 anos, o dobro do que a maioria dos cursos de graduação vigentes no Brasil. Há que se convir que o salário que o governo irá pagar nesse programa não é razoável pelo esforço que se tem ao fazer uma faculdade como essa.
Muito além de tudo isso, se não houverem médicos brasileiros suficientes para suprir esse programa, chamarão médicos de fora, sem precisar fazer uma prova de convalidação do diploma. Apenas deverão possuir grade curricular idêntica e que falem proficientemente o nosso idioma. Não acho razoável as exigências para estudantes de medicina do Brasil sejam maiores que para os estrangeiros. Antes de tudo isso, há que se pensar na estrutura, que é muito pior que a formação dos nosso médicos. Ainda tem muita coisa para melhorar, não adianta criar soluções temporárias para problemas permanentes. Infelizmente, no momento, a presidente só pensa na sua reeleição, se pensasse no futuro do Brasil teria pensado melhor nesse projeto.

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